segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E depois de tanto tempo gasto para apagar as chamas que me causastes, apareces, assim como quem nada quer, com estes olhos que me olham como se pudessem ver através de mim. E se não posso encarar-te frente a frente, é o medo de vejas que aqui dentro do meu peito os sentimentos ainda ardem em brasas pelas lembranças de cada segundo que amei a ti.

domingo, 31 de outubro de 2010

Não pude evitar que meu corpo se auto-movesse para encaixar-se melhor ao teu, que minha mão lhe subisse pelo pescoço para perder-se nos cabelos teus, que minha boca colasse a tua com um pedido de não mais ser só... O tempo que demorou para ter-te aqui foi demasiado longo, e agora minha fome é grande demais para saciar-se em uma só noite. Se pedir-te, prometes que volta uma vez mais (a cada dia) até que eu me complete de ti?
Diz-me que sorrio demais e que não pode alguém ser tão feliz. Já parou pra se perguntar se a freqüência do meu sorriso é maior ao lado teu e que se me vês assim sorrindo não é por motivo outro se não poder assim te olhar, de perto, de ver a alma e ter a certeza de que realmente está aqui?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Roubaram minhas palavras. Tenho muitos cigarros já apagados e xícaras de café vazias, mas nenhuma palavra. Se perguntarem onde estou, peço-lhes que digam que estou guardada. Pois foi assim que me encontrei ao me buscar. Encontrei-me no fundo de uma gaveta, sem ser usada por mim. E sem palavras para usar.

terça-feira, 11 de maio de 2010

As minhas lágrimas todas dariam um bom mar para que eu me afogue. Essas palavras minhas, que são nada além de tuas, não passam de balsa parca à qual me agarro em desespero na vã tentativa de escapar dos açoites dos ventos teus. De nada adiantou. Afoguei-me em ti.

sábado, 24 de abril de 2010

Está atrasado. Mais uma vez, atrasado. E só posso eu, então, estar cansada. Cansada de esperar que passes pela porta a fim de fazer-me alguma companhia. Mesmo vendo ser repetida a sua ausência, tornei a esperar de novo e de novo por presença que fizesse aquecer os lençóis claros de minha cama e os músculos tencionados do meu coração. E mesmo que chegues, enfim, não há calor que me faça não prever tua nova ausência e teu novo atraso e minha nova solidão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O quarto, a cama, as minhas mãos. O cheiro de sexo parece exalar-se ainda tão vivo quanto a lembrança de todo o nosso ato de amor. Ainda é possível sentir tua coxa roçando em meio as minhas, que lhe abriram caminho sem qualquer dignidade. Ainda é possível sentir as tuas costas arderem por entre os meus dedos que tão forte imprimiam na tua pele a intensidade do meu desejo. Ainda é possível sentir a umidade da tua boca percorrendo por entre minhas pernas sem saber se era saliva tua ou gozo meu. Por todas essas imagens que tão reais ainda me queimam, não há palavras outras que me inundem a garganta se não mil maneiras de lhe suplicar que voltes ao quarto, a cama, as minhas mãos e faço-me novamente tua.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Perguntaram-me se a loucura é pré-requisito para a escrita, pois bem digo: os que carecem de sanidade sentem de uma diferente forma e talvez seja esta forma a melhor. Talvez seja a loucura o estômago único a digerir a verdade do que é sentir. Talvez seja a loucura a garganta única a escarrar no papel as dores da alma. Ou talvez estas nada sejam, além de insanas palavras.

domingo, 4 de abril de 2010

O estalar das gotas de chuva e o frio acinzentado que nesse momento me causam estranhamento, por acaso, são o que me faz não querer partir. Tudo estaria gelado e vazio, não fosse o amor quente de mãe que cheira a chocolate meio-ao-leite e meio-amargo. Não falta colo e cafuné e beijos estalados com gosto de saudade querendo me dizer: não vá! E o que sobra em mim é puro saudosismo e nostalgia, é vontade de mais uma vez chamar de lar um lugar que não me é mais.

segunda-feira, 29 de março de 2010

As tuas digitais marcadas no meu braço e o meu ouvido ferido por teus gritos: souvenires dispensáveis para mim. Fere-me a face com teus beijos férvidos e rasgue-me as coxas com teus dentes cortantes e suga-me o seio com tua boca faminta. Mas não creia que tua arrogância poderia me afetar mais do que teu amor. Conquista minhas mudanças com afagos e abandone as pedras, talvez consigas também algum respeito e diminua os rancores. E se estas palavras te entalam a garganta de arrependimento, não argumente as avessas. Admita erros em meio à paixão e me leve para a cama sem dizer mais palavra alguma.

terça-feira, 16 de março de 2010

Tentei juntar tantos pedaços quanto fosse possível. Sobrou entre muito pouco e nada. Tentei fazer da dor uma armadura com a qual pudesse buscar alguma paz, mas não há fogo em minh’alma que sirva para forjá-la. Não sobrou esperança nem consolo nem vontade que me mostre que vale a pena seguir. Não há nem mesmo para onde seguir, muito menos em frente. Não sobrou-me nada além de dor sem fogo, caminho sem direção e um buraco escuro para me esconder. E como poderei cerrar meus olhos e desejar me entregar a outra noite vazia se não coberta por um desejo incessante de morte? Melhor permanecer acordada com olhos em carne viva e me matar aos poucos na companhia de um cigarro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

"O que eu era antes, não me era bom. Mas era desse não-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro.O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade."


[Clarice Lispector - A paixão segundo GH]

quarta-feira, 10 de março de 2010

Não me soprou por momento algum a luz de ser-me sem ti. Mas é como não me vejo agora em toda essa escuridão. Mesmo que cegue meus olhos, nenhum feixe de sol será capaz de fazer dia em meu peito. Sobraram apenas as noites insones em que me afogo no travesseiro embebido em lágrimas e me perguntando quando irá passar a dor e o desespero e o abandono e o vazio e a solidão. E paz.sará?

terça-feira, 9 de março de 2010

Só agora pude perceber o quão doente estou, apenas me arrependo de ter esperado por tão dolorosas lágrimas para aceitar tal fato. Foi preciso A Fine Frenzy para trazer à minha boca palavras tão difíceis para serem ditas: Good bye my almost lover, good bye my hopless dream. E mais do que nunca enxerguei o quão necessário é dizer-lhe adeus, pois não se pode curar obsessão a dois. E, mesmo que eu tenha rendido-me aos teus lábios que tão persuasivos procuravam os meus, devo informar-lhe que nas entrelinhas daquele beijo havia mais que um amor em retalhos, havia uma despedida, um adeus...


PS: Mesmo sem saber a quem, rogo para que eu possa lavar-me deste mal-de-amar-demais para voltar à ti com o amor exato.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vejo-lhe balbuciar em sonhos. Alva, calma e clara. Não me satisfaço. Preferia ver-te balbuciar ao prazer, ao desejo, ao suor, à carne que queima. Queria ter-te curvando por entre meus braços, arquejando em meio às minhas pernas, contorcendo à minha lingua. Teu corpo quente, rubro, enrigecido. Todo meu. Tudo meu. Minha.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Andei pensando em dar-me. Andei pensado em entregar-me a ti. Pensei também em envolver-te, absorver-te, ter-te apenas para mim. Andei pensando em atirar-me a ti e possuir-lhe até sermos um só. Mas desisti. De que valeria sermos um e perder o prazer de nos tocarmos os dois?