quarta-feira, 26 de setembro de 2012

     Havia rabiscado sobre ele nas últimas folhas do caderno, aquelas que reservamos para desenho. Mas é que ela, ao contrário dele, só sabia desenhar palavras.
    Sua mãe, desde cedo, havia lhe ensinado a diferenciar bons dentes de dentes ruins. Os dela era bons, incariáves. Os de sua mãe, nem tanto. Os dentes do rapaz de braços estampados não eram perfeitos, mas seus olhos, de tão profundos, eram capazes de olhar o fundo de sua alma e fazê-la borbulhar.

sábado, 15 de setembro de 2012

Tens razão de não confiar em mim. Eu mesma não sou capaz de fazê-lo. Tenho sido instável, movida por esse desejo que me arrasta e me toma em meu vazio. Essa fome que nunca/me cala. Por vezes acredito ouvir meu estômago grunhir seu nome como um animal que clama por sua presa. Vezes outras, minha fome vai além de qualquer nome ou existência que eu possa conceber. Por fim, por vezes, por tanto, sacio-me antropofagicamente em mim. Calo os grunhidos de minhas entranhas me consumindo, parte a parte, pedaço a pedaço, degustando cada um dos sabores que posso exalar. E por enquanto, por hoje, por agora, hei de me-deliciar-me, à mim, comigo, masturbatoriamente e nada mais.