terça-feira, 6 de novembro de 2012


-Não se mexe assim, vai estragar o desenho.

-Avisei pra não desenhar nas minhas costas enquanto eu durmo.

-Ainda acho que você devia me deixar te tatuar.

-E eu ainda acho que não vai acontecer.

-Você não confia em mim?

-Como tatuador, sim. Como amante, não.

-Não entendi...

-Um dia você vai embora... não, não me interrompa! Eu sei que vai... Vai voltar pro seu país, pra sua esposa, pros seus filhos. E eu fico aqui, nessa cidade, nesse quarto, nesse corpo. Vou querer apagar nossas fotos, rasgar seus desenhos, queimar suas cartas... E se você marcar minha pele, eu vou querer esfolar minha carne, mesmo sabendo que isso não vai te arrancar da minha memória. Vou acordar todos os dias e pensar que se tivesse lhe dito não, eu não precisaria me lembrar de você todas as vezes que olhar no espelho. E vou acreditar nisso, mesmo que no fundo eu saiba ser mentira e que pensaria em você de qualquer jeito.

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